PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Boa noite Insónia


Fátima Custódio





Ainda oiço ao longe o marulhar das ondas, de novo tenho na praia morena dos meus olhos um pestanejar de saudade, nas mãos uma gota de água cansada. 
O escuro do tempo em que te falo, vai dormitando sem pressa, sem dó nem piedade. Espaço nesta loucura, onde não há serenatas. Sou refém duma ausência, ressonando despedidas, beijando o vento gelado. Reflicto-me na lua de ontem. Estava tão brilhante ontem á noite! 
Um cansaço dorme em mim, como os ponteiros amordaçando os relógios e sem marcar qualquer hora. 
Respiro-te num céu negro que se queria azul...sonho longínquo que teima em não terminar... 
Voas para longe, enquanto eu fico aqui presa num castelo sem ameias...vejo-te através da tempestade dos meus pensamentos; não me roubes este pedaço de chão porque eu quero adormecer! 
Onde dormes insónia? Talvez durmas nos cantos das portas fechadas, ou nas minhas pupilas queimadas. 
Vai insónia, hoje não quero dormir contigo; hoje vou dormir num barco á vela, sonhar o mar melodia e renascer na praia onde um dia morri... 
Descalço-me para te dizer adeus... 
Boa noite insónia...

Fátima Custódio

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