Orlando Costa Filho
Meu amor, por favor, ouça e me entenda,
longe de mim desejar ficar nessa.
O tempo urge e adverte: vai, se apressa
há um rumo a seguir, aceite sua senda.
Plano A plano B, tudo é vã promessa
de quem amarela. Amor, não dependa,
de aplausos alhures, me abra sua fenda
que minha língua intrépida nela ingressa.
Se esqueça do mundo, evite contenda,
sua boca vermelha tremula e confessa
o medo de vir a sofrer reprimenda.
Auto censura? Pra longe arremessa,
seu falso pudor a cega, é venda.
Cê sofre por ver que su’alma se engessa.
SONETO CUNILINGUAL Nº 02
Aliás, tenha em mente, a alma é um rio
flui em busca de um deságüe sublime.
O estuário é generoso, em nada oprime,
simplesmente lhe confirma o que anuncio:
siga adiante, mesmo trancos e barrancos
inexoravelmente não a coíbem...
tem virtudes, amiúde tem encantos,
os céus à noite lhe dão vivas, não inibem.
Depois, naturalmente, entregue-se ao sono.
Os sonhos refazem sempre o novo mundo.
Não, não frustre o seu querer, dama efusiva,
não se feche como ostra. Viva o outono,
doe-se a mim. Estrelas giram enquanto inundo
seu precioso vale com minha saliva.
ocf
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