PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Feito nuvem




Angela Mendes




Abri as janelas. Vazei paredes para a sorte entrar, vesti novas cores, ventilei o ar. Tenho permitido a luz e isso torna tudo mais leve, mais dançante.
Por desapegar mais, nada retenho: até o que é bom, solto, pois, eu sei, depois vem de novo. O que não é tão bom assim, passa logo, também, e já nem preciso me faxinar como antes.
Sinto-me como a nuvem: quando carrego algo que começa a pesar, eu deságuo. Muito natural, algo além do explicar...
Isso tem sido bom pra mim e pro que levo.
Tudo isso aconteceu quando passei a levar no bojo somente o que possa ser jorrado aos demais, depois de cheio.
Bom pra mim, pros outros, pra tudo.
Verdadeira plenitude é vontade de transbordar. Meu cheio, é cheio de coisas lindas, não mais peso.
Tenho conseguido enfeitar alguns céus, deslizar na atmosfera e desmanchado quando necessário.
Quando despejar é uma necessidade, é porque, antes, eu fui preenchido de mil partículas de felicidade.

(Moreno Pessoa)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui