Angela Mendes
Se hoje conseguisse escrever,
Falaria deste desejo de morrer.
Deste cruel sofrer.
Desta nostalgia em que gosto de me perder.
Se hoje conseguisse escrever,
Falaria deste desejo de morrer,
No mar revolto de uma mulher,
Que da sua fonte me desse de beber.
Ou talvez falasse dessa gente que me agonia.
Dessa gente vazia, cruel e mesquinha,
Que há muito se perdeu.
Que existe mas que há tanto morreu.
Gente que se esqueceu de sonhar durante a vida.
Que se esqueceu que todos os dias morremos um pouco.
Que o "ter" é vida perdida.
Antes "ser", ser, nem que seja ser louco.
Ainda bem que há dias assim.
Dias em que me fecho em mim.
Que para falar desta tristeza sem fim,
Mais vale que cale... e a que guarde só para mim.
J. Cantarinhas
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