PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O Canto da Coruja




Claudio Caldas Faria






A coruja cantara-lhe na porta
Sinistramente a noite inteira! Indício
Mais certo não havia! - Era o suplício!...
Daí a pouco, ela seria morta.

Saiu. O Sol ardia. A estrada torta
Lembrava a antiga ponte de Sublício...
Havia pelo chão um desperdício
De folhas que a áurea xantofila corta.

Nisto, ouve o canto aziago da coruja!
- Quer fugir, e não vê por onde fuja.
Implora a Deus como a um fetiche vago...

- Se ao menos voasse! - E o horror começa! Rasga
As vestes; uma convulsão a engasga
E morre ouvindo o mesmo canto aziago!

Augusto do Anjos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui