PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Meditando e Crescendo




Orlando Costa Filho






Enquanto roças lábios e língua no ventre da noite
já estou com a lua nos braços,
sob o encanto das estrelas,
e ouvindo seu chôro.

Digo então pra ti: não alimentes sonhos de neve,
os cem sóis de Maiakóvski estão a brilhar e
pouco tardará para que teus caprichos
se dissipem sobre o pódio dos lunáticos.
Restará apenas mera umidade a evaporar!

Melhor cederes e estudar-te e compreenderes
[e caminhares
nas alamedas floridas da sensatez pelas quais
correm e brincam as crianças.

Nada deterá o giz sonâmbulo com que se
[escreve a História,
ante o qual adormece, noite após noite,
o imenso exército de flores sob vigília lunar. E...

quando perceberes que as fotografias atuais
já atingiram estado de intensa amarelidão
chegarás à inolvidável conclusão:
isso é o que sobrou...

Sintoniza a estação, ouça antigos sucessos e
deixa que acendam nas retinas
teus dentes de leite, amores passados,
[escamas de peixe
por certo, sentirás a saudade das moquecas gostosas...

Mas as respostas virão:
Tardes azuis, que fim levaram os acordes
que vibravam no rebuliço das praias?
Diluiram-se na saia do vento ou viraram
[sonhos de neve?

Recolha todas as dores e lança-as ao fogo
[do esquecimento
ainda que vez por outra persista
o cheiro da fumaça nefasta a exigir-te esforço
e tenhas de combatê-lo com o providencial incenso
do perdão e da compreensão...

Não hesites em abster-te de experimentar falsas
[euforias. Logo depois
o diabo virá zombar de ti. Deixa isso
para aspiradores de cocaína, ou ainda
para os que sustentam a possibilidade de realizar
[os sonhos de neve.

Por ora é melhor ir à janela
(acende um cigarro, se quiseres...)
e observar a lua brincar
fazer malabarismos e se esconder
entre nuvens e telhados,
antenas e parabólicas de tv.

Isso também pode ser viver...

ocf

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