PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pobres Mendigos



João Adalberto Behr




Vou vivendo dormindo ao frio, e à chuva
Na companhia de outros irmãos mendigos
Na cidade, na estrada ou numa curva
Somos vidas de passados incompreendidos

O céu de dia, ou de noite, é nosso telheiro
Andamos rotos, descalços, e em desalinho
Temos a doença e fome, como companheiro
Esperando p'la morte que chega de mansinho

Andamos por aí, sem enganos
Procurando a beata deitada fora
Contemplamos a natureza que amamos
Vivendo connosco a toda a hora

Cruzamos gentes, que não nos olha
E p'ra elas, nem sequer falamos
Somos um livro que não se desfolha
Guardado em baús há muitos anos

Não passamos de uns pobres mendigos
Em busca de amor, por aqui, e ali
Temos a dor que dói, entre amigos
E só distribuímos o bem, vagueando por aí

Os degraus das Igrejas são o nosso trono
Oferece-nos as noites gélidas como retiro
Deitados em velhos cartões, fazemos o sono
Até que Deus um dia, pare nosso suspiro

fernando ramos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui