PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Meu filho



Orlando Costa Filho




:trituro vidro nos dentes
asso carne nas têmporas
exponho meu raro sorriso ao fio
impiedoso da navalha noturna
tudo tudo por alguns versos coerentes
que levem os muitos sorridentes
a reconhecerem as traças e os sismos
inerentes à minh’alma em chamas
verdadeiramente...

Entrementes, entre todos e tudo
movo-me com aparente frieza
sobre a calçada pisada
e por tantos cuspida,
em que subsiste o tapete azul de veludo
que fora passagem de quem fui e sou escudo
contra as tiranias deslavadas
a fazerem do seu rosto risonho, aguado
e o seu cantar, miúdo

eis o grito de um homem eternamente grávido
de saudades, de apego, de entrega
que se faz espesso livro de poemas
aberto na página certa
em que o verbo amar conjuga ávido
em que seu canto é lírico
pra que você, sangue do meu sangue
não viva lívido,
mas impávido.

ocf
Castelo/ES, 19/05/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui