PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Morte e Vênus





Claudio Caldas Faria





Velhos berilos, pálidas cortinas,
Morno frouxel de nardos recendendo
Velam-lhe o sono... e Vênus vai morrendo
No berço azul das névoas matutinas!

Halos de luz de brancas musselinas
Vão-lhe do corpo virginal descendo
- Abelha irial que foi adormecendo
Sobre um coxim de pérolas divinas.

E quando o Sol lhe beija a espádua nua,
Cai-lhe da carne o resplendor da Lua
No reverbero dos deslumbramentos...

Enquanto no ar há sândalos, há flores
E haustos de morte - os últimos clangores
Da música chorosa dos mementos!

Augusto do Anjos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui