PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ao chegar a casa.







 – A mais medíocre da Rua dos Milagres que, milagrosamente, mesmo atingida por tantos verões chuvosos que comeram sua pintura ainda se sustentava para muitos dela poderem se proteger da mesma chuva que lá fora fazia estragos. Lá dentro, ao contrário, era tudo limpo e caprichosamente arrumado. Não gostava muito do número dela. Acho que não gostava era porque não tinha número. Penso que era a única casa da cidade sem número. Talvez uma caduquice de cidade velha. Mas como todas as outras casas uma família a habitava, pensava eu. - Feito um cachorrinho procurava o seu osso, faminta. Até que chegou uma pessoa trazendo um filé suculento. Minha boca umedeceu. Esfreguei os olhos pensando que fosse uma miragem. De repente não me encontrava mais prostrada no chão. Em frações de segundo não era mais um cachorro. Sabia andar e falar. Não tinha mais as patas e sim fortes braços que podiam abraçar. Aquele filé não era feito de carne, embora avermelhado como sangue. Ele estendeu-mo, perguntando se eu queria. A minha primeira reação não foi pegar aquela enorme barra de chocolate e sim lançar-me nos seus braços afetuosos, como se a saudade que sentia Dele durasse há anos, até mesmo séculos.

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