PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Soneto Cunilingual nº 01



Orlando Costa Filho




Meu amor, por favor, ouça e me entenda,
longe de mim desejar ficar nessa.
O tempo urge e adverte: vai, se apressa 
há um rumo a seguir, aceite sua senda.

Plano A plano B, tudo é vã promessa
de quem amarela. Amor, não dependa,
de aplausos alhures, me abra sua fenda
que minha língua intrépida nela ingressa.

Se esqueça do mundo, evite contenda,
sua boca vermelha tremula e confessa
o medo de vir a sofrer reprimenda.

Auto censura? Pra longe arremessa,
seu falso pudor a cega, é venda.
Cê sofre por ver que su’alma se engessa.

SONETO CUNILINGUAL Nº 02

Aliás, tenha em mente, a alma é um rio
flui em busca de um deságüe sublime.
O estuário é generoso, em nada oprime,
simplesmente lhe confirma o que anuncio:

siga adiante, mesmo trancos e barrancos
inexoravelmente não a coíbem...
tem virtudes, amiúde tem encantos,
os céus à noite lhe dão vivas, não inibem.

Depois, naturalmente, entregue-se ao sono.
Os sonhos refazem sempre o novo mundo.
Não, não frustre o seu querer, dama efusiva,

não se feche como ostra. Viva o outono,
doe-se a mim. Estrelas giram enquanto inundo
seu precioso vale com minha saliva.

ocf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui