PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

domingo, 25 de novembro de 2012

Dois e Dois são Quatro


Denize Esperidiao



"Como dois e dois são quatro 
Sei que a vida vale a pena 
Embora o pão seja caro 

E a liberdade pequena 
Como teus olhos são claros 
E a tua pele, morena 
como é azul o oceano 
E a lagoa, serena 

Como um tempo de alegria 
Por trás do terror me acena 
E a noite carrega o dia 
No seu colo de açucena 

- sei que dois e dois são quatro 
sei que a vida vale a pena 
mesmo que o pão seja caro 
e a liberdade pequena."
Ferreira Gullar

Medo




Aníbal Bastos




Estado que existe em cada ser,
Instinto da própria natureza,
Quando nos surge a incerteza,
Do que a seguir pode acontecer!

Por maior ousadia que se julgue ter,
Quem não teme a medonha crueza?
Do futuro toldado pela certeza,
Da incerteza do haver ou não haver!

Poderá não se ter medo da morte,
Mas o que a natureza diz e mostra:
O fraco sente medo do mais forte!

Medo que a nossa vida assombra!
Cruz pesada que sobre nós se prostra!
Vivendo connosco como a sombra!

In, MEDO “Versos Imperfeitos”

Se eu falasse de amor



Jose Carlos Silva



E se esta noite te falasse de amor,
Se esta noite eu enlouquece-se do teu perfume
Como a primeira vez quando nos encontramos,

Um olhar um sorriso e o amor se instalou.

Os dias são mais longos que os anos,
As flores não florescem mais na primavera,
Eu estou condenado a te seguir para a vida,
Um olhar ou um sorriso e o amor se instalou.

A onde tu iras eu irei e farei o que tu quiseres
Eu estarei sempre contigo, 
Mesmo que tenha de arriscar minha vida
E morrer nos teus braços,
Oh e se esta noite nos falasse-mos de amor...

J.C

Fado Simples



Aníbal Bastos





O fado tem por costume,
Cantar a dor e o ciúme,
Das almas amarguradas!
Pode ter certa beleza,
Mas a saudade e tristeza,
São sempre nele encontradas!

O fado para ser fado,
Não precisa ser cantado,
Por afamados artistas!
É cantando a desventura,
Pelas ruas da amargura,
Que se encontram os fadistas!

Sem usar trajos de gala,
Nem cantar em nobre sala,
Para embelezar serões!
É das mais vezes ouvido,
Como se fosse um gemido,
Da voz das desilusões!

O fado! O fado sério,
Continua a ser mistério,
Por quem e quando inventado!
Sabe-se apenas que existe,
E na voz de um povo triste,
É tristemente cantado!

O fado! O fado povo,
Não é velho nem é novo,
É fado simplesmente!
Quem sabe se um dia,
Abandona a nostalgia,
E fica um fado diferente!

E desta forma o fado,
Perca o tom amargurado,
Como o que tem presente!
Fado que se possa ouvir,
A ser cantado a sorrir,
Na boca de toda a gente!

A. Bastos (Júnior)

Você faz parte daqui