SIMONE - TEMA = MÚSICA

Simone Ribeiro

Muitos compõem sinfonias....

Outros árias...

E tem aqueles que fazem, 

do amor e da justiça 

suas bandeiras musicais....

Mas como ficam aqueles

humildes em suas choupanas

a cantar sua vida e realidade?

Daquele ranchinho beira chão

com a viola na mão

sentado que está, 

numa cadeira velha...

Violeiro faz sua música

seu lamento 

sua história...

Quem há de ouvir?

Sertanejo e amigos...

Sucesso fará e muito...

Pois alegra a noite dos amigos...

E conta suas histórias

de forma musicada....

Tirando a tristeza

que é seu dia a dia...

Simone Ribeiro....

Cascavel

Angela Mendes





Cascavel cidade senhora
Amiga, amante, mãe protetora
Nos idos de tua nascença
Aqui acolheste
O viandante peregrino
Incerteza, trabalho,esperança
Em teu seio benfazejo
A gente fez a história
Caprichada
Nos caminhos percorridos
Chegamos a maturidade
Orgulho, alegria
Hoje te referenciamos
Cascavel, cidade madura
Ainda te vejo menina
Abre os braços e acolhe
A todos quanto com sede
Busquem esta nascente
Que a água aqui brotada
Nunca vos será negada.

Valci Mattos.

Esse poema foi feito em homenagem aos 50 anos da cidade de Cascavel, 

Soneto Perpétuo

Ereni Wink

por: Lourdes Neves Cúrcio

Poetizar é dar mais cor e encanto à vida

É externar os sentimentos mais velados

Deixar o sonho em versos ser transformado

E a emoção em estrofes ser traduzida

A arte de expressar o amor é do poeta

Que das mãos divinas recebeu o dom

Da inspiração de versejar em suave tom

Que toca a alma, reconforta e aquieta...

Seja o poeta aquele que irá transmitir

O que o âmago em silêncio está dizendo

E o coração está deveras a sentir

E o ecoar dos versos vai ultrapassando

A tênue linha imaginária do horizonte

Para com o cosmos ir então se perpetuando...

Linguage dos óio

Ereni Wink

por: Patativa do Assaré




Quem repara o corpo humano
E com coidado nalisa,
Vê que o Autô Soberano
Lhe deu tudo o que precisa,
Os orgo que a gente tem
Tudo serve munto bem,
Mas ninguém pode negá
Que o Auto da Criação
Fez com maior prefeição
Os orgo visioná.

Os óio além de chorá,
É quem vê a nossa estrada
Mode o corpo se livrá
De queda e barruada
E além de chorá e de vê
Prumode nos defendê,
Tem mais um grande mistér
De admirave vantage,
Na sua muda linguage
Diz quando qué ou não qué.

Os óios consigo tem
Incomparave segredo,
Tem o oiá querendo bem
E o oiá sentindo medo,
A pessoa apaixonada
Não precisa dizê nada,
Não precisa utilizá
A língua que tem na bôca,
O oiá de uma caboca
Diz quando qué namorá.

Munta comunicação
Os óio veve fazendo
Por izempro, oiá pidão
Dá siná que tá querendo
Tudo apresenta na vista,
Comparo com o truquista
Trabaiando bem ativo
Dexando o povo enganado,
Os óios pissui dois lado,
Positivo e negativo.

Mesmo sem nada falá,
Mesmo assim calado e mudo,
Os orgo visioná
Sabe dá siná de tudo,
Quando fica namorado
Pela moça despresado
Não precisa conversá,
Logo ele tá entendendo
Os óios dela dizendo,
Viva lá que eu vivo cá.

Os óios conversa munto
Nele um grande livro inziste
Todo repreto de assunto,
Por izempro o oiá triste
Com certeza tá contando
Que seu dono tá passando
Um sofrimento sem fim,
E o oiá desconfiado
Diz que o seu dono é curpado
Fez arguma coisa ruim.

Os óis duma pessoa
Pode bem sê comparado
Com as água da lagoa
Quando o vento tá parado,
Mas porém no mesmo istante
Pode ficá revortante
Querendo desafiá,
Infuricido e valente;
Neste dois malandro a gente
Nunca pode confiá.

Oiá puro, manso e terno,
Protetó e cheio de brio
É o doce oiá materno
Pedindo para o seu fio
Saúde e felicidade
Este oiá de piedade
De perdão e de ternura
Diz que preza, que ama e estima
É os óio que se aproxima
Dos óio da Virge Pura.

Nem mesmo os grande oculista,
Os dotô que munta estuda,
Os mais maió cientista,
Conhece a lingua muda
Dos orgo visioná
E os mais ruim de decifrá
De todos que eu tô falando,
É quando o oiá é zanoio,
Ninguém sabe cada óio
Pra onde tá reparando.

Minha Amada

Aníbal Bastos

Nos teus olhos, não há céu iluminado,

As estrelas, deixaram de cintilar,

Escondendo a Lua, o seu luar,

Deixando-te, em noite de breu cerrado!

Nos teus olhos, está o céu carregado,

De nuvens negras, prontas a desabar,

Chuva densa, de lágrimas a jorrar,

Deixando, no teu rosto, o chão molhado!

Pudesse eu, tirar-te do sofrimento,

- Oh minha amada de tantos anos! -

Não hesitaria, um só momento!

Porém, falta-me a força e o jeito,

Sobrando-me, contudo desenganos,

Mais as dores que brotam do meu peito!

A. Bastos (Júnior)

Arte de Amar

Ereni Wink






Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não

(Manuel Bandeira)

Desencanto

Ereni Wink

Eu faço versos como quem chora

De desalento... de desencanto...

Fecha o meu livro, se por agora

Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...

Tristeza esparsa... remorso vão...

Dói-me nas veias. Amargo e quente,

Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,

Assim dos lábios a vida corre,

Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.

(Manuel Bandeira)

Mágoas

Claudio Caldas Faria

Quando nasci, num mês de tantas flores,

Todas murcharam, tristes, langorosas,

Tristes fanaram redolentes rosas,

Morreram todas, todas sem olores.

Mais tarde da existência nos verdores

Da infância nunca tive as venturosas

Alegrias que passam bonançosas,

Oh! Minha infância nunca tive flores!

Volvendo ã quadra azul da mocidade, 

Minh'alma levo aflita à Eternidade, 

Quando a morte matar meus dissabores.

Cansado de chorar pelas estradas, 

Exausto de pisar mágoas pisadas, 

Hoje eu carrego a cruz de minhas dores!

Augusto dos Anjos

Presente

Angela Mendes

No dia dos namorados

era uma rosa vermelha

que habitualmente eu recebia.

Na última vez veio junto

um pequeno bilhete,

escrito pela tua mão trêmula

onde se lia:

"Obrigado, Deus, pela minha namorada."

Li-o com lágrimas nos olhos

cheios de muita emoção...

Partiste, fiquei tão só...

No dia dos namorados

quem iria me entregar

aquela rosa vermelha e habitual?

Fiquei fascinada ao chegar ao jardim,

tua roseira abriu 

uma linda rosa perfumada,

teu presente para mim!

(Ângela Mendes, 12/06/2012)

A boca

Mô Schnepfleitner

A boca, 

onde o fogo 

de um verão 

muito antigo 

cintila, 

a boca espera 

(que pode uma boca 

esperar 

senão outra boca?) 

espera o ardor 

do vento 

para ser ave, 

e cantar.

Eugênio de Andrade

Outro Dia

Claudio Caldas Faria

Eu amo tudo o que foi,

Tudo o que já não é,

A dor que já me não dói,

A antiga e errônea fé,

O ontem que dor deixou,

O que deixou alegria

Só porque foi, e voou

E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa

Entre Tanto

Angela Mendes

Sou entre flor e nuvem,

estrela e mar. Por que

havemos de ser unicamente

humanos, limitados em chorar?

Não encontro caminhos fáceis

de andar. Meu rosto vário

desorienta as firmes pedras

que não sabem de água e de ar.

Cecília Meireles

JOÃO P. BRASILEIRO - FOTO = TEMPO

João Paulo Brasileiro
TEMPO




Tentei perguntar às horas, o porque passa tanto em minha vida?
Mas, como?
Ela não para...para conversár-mos!
Tentei perguntar à lua, o que faz para encantar tantos corações?
Mas, muda, nada me responde!
E isso faz-me ver a minha insignificancia, pois, os encantos que me arrebataram, acho que ela nem viu!
O tempo, esse malcriado viajante, quando esteve junto a nos, mostrou-se maravilhoso, porém, sem qualquer satisfação, virou-me as costas, e foi-se embora!
O sorriso e o beijo que dela ganhei, ele tomou de mim, e acho que nem se lembra onde escondeu!
Todos os dias o procuro, e quando o encontro, lá, bem no fundinho da minha tristesa, ele parece que zomba da minha solidão, pois, não se mostra como TEMPO, e sim, como SAUDADE!

Nunca Se Apaga

Claudio Caldas Faria





Da primeira vez em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha...
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada...
Arde um toco de vela amarelada...
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do Horror! Voejai!
Que luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!

MARIO QUINTANA

Quero voar

Mô Schnepfleitner

Quero voar

-mas saem da lama

garras de chão

que me prendem os tornozelos.

Quero morrer

-mas descem das nuvens

braços de angústia

que me seguram pelos cabelos.

E assim suspenso

no clamor da tempestade

como um saco de problemas

-tapo os olhos com as lágrimas

para não ver as algemas...

Mas qualquer balouçar ao vento me parece Liberdade.

José Gomes Ferreira

Transpenumbra

Claudio Caldas Faria




tempestade que passasse

deixando intactas as pétalas

você passou por mim

as tuas asas abertas passou

mas sinto ainda uma dor

no ponto exato do corpo

onde tua sombra tocou

que raio de dor é essa

que quanto mais dói

mais saí sol?

Paulo Leminski

Memórias

Claudio Caldas Faria

Amar o perdido

deixa confundido

este coração.

Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão.

Mas as coisas findas,

muito mais que lindas,

essas ficarão.

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE

SIMONE - FOTO = ACONSELHA O TEMPO

Simone Ribeiro
 Aconselha o tempo

Vem o tempo dar conselho!

No final dos tempos 

se acha veneno...

O veneno do tempo perdido,

desperdiçado,

perdido por nada 

e nada perdeu-se!

Veneno que se espalha pelas entranhas....

Deixando marcas em rostos e peles...

Passando a fazer parte do teu dia a tristeza e a melancolia....

Passando a fazer parte a discórdia!

Antídoto?

Apenas viver com alegria e sabedoria 

como passar o tempo que se tem...

Como almeja e como queira, mas com pensamentos do bem....

Simone Ribeiro...