PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Fulgás




Claudio Caldas Faria




Meu mundo você é quem faz
Música e letra, e dança
Tudo em você é fullgás
Tudo em você é quem lança
Lança mais e mais e...

Só vou te contar um segrêdo
Nada de mal nos alcança
Pois tendo você
Meu brinquedo
Nada machuca
Nem cansa

Pois tendo você
Meu brinquedo
Nada machuca, nem cansa
Criança!...

Então venha me dizer
O que será
Da minha vida
Sem você...

Noites de frio
Dia não há
E um mundo estranho
Prá me segurar..

Então onde quer que você vá
É lá que eu vou estar
Amor esperto
Tão bom te amar...

E tudo de lindo que eu faço
Vem de você, vem feliz
Você me abre os braços
E a gente faz um país...

Você me abre os braços
E a gente faz um país...

Rita Lee

Tocando em frente







Daisi Oliveira de Souza






Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso, porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei, eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs,
é preciso amor pra poder pulsar,
é preciso paz pra poder sorrir,
é preciso a chuva para florir.
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
compreender a marcha,e ir tocando em frente
como um velho boiadeiro levando a boiada,
eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou,
estrada eu sou
Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história,
e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz,
de ser feliz
Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
e cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz.


 (Almir Sater)

Adormecer e Esquecer-te




Sonia Isotton





Adormeci contigo por dentro
dos meus sonhos
Queria-te real e ali naquele instante
Senti falta do teu abraço
do teu olhar
dos teus dedos
Senti falta das tuas palavras infindáveis
de quando me contavas as tuas histórias

Senti falta de me aninhar nos teus braços
Senti até falta de olhar um retrato teu
mas descobri que a única memória fotográfica
que ainda me resta tua
permanece na minha mente
resguardada dos olhares alheios
os mesmos que sempre te cobiçavam
quando passeavámos de mãos dadas

Adormeci e sonhei-te...

Sonhei que ainda estavas aqui
do meu lado - e me sorrias
e os teus olhos faiscavam amor
(ou talvez fosse apenas paixão)
as tuas mãos ainda me procuravam
e tu ainda me querias
e eu adormecia feliz por te sentir assim

A noite levou tudo o que tinha teu
enquanto dormia...

Ao abrir os olhos só as paredes
ainda guardavam uma leve imagem tua
as sombras da manhã ainda mal nascida
tomavam o espaço outrora teu

Já não vejo o teu retrato dentro de mim
Procuro-te mas fica dificil "ver-te"
quando tu estás tão longe, tão distante

Porque te afastaste
será algo que jamais
irei descobrir
porque me deixaste ficar no meio
da escuridão
perdida sem ti
acho que também não

Talvez as sombras
essas me respondam
as mesmas que nos apartaram

Talvez eu te consiga de facto esquecer
e amanhã sejas apenas uma má memória
um sonho mau que tive
e do qual consegui acordar

Mas enquanto isso não acontecer
todas as noites eu vou adormecer
e pensar onde estarás
e o que estarás a fazer

E se uma lágrima teimar rolar
eu vou deixá-la cair
Afinal lembrar-te
faz parte do processo de cura
para que eu cure a dor e amargura
que ainda me atormenta e cresce em mim
E para que possa...finalmente...
..deixar-te partir....


São Reis
24Jan2012

Meu Mundo




Joaquim Rodrigues




Olho ao meu redor e vejo...
Uma janela, onde entra...
Uma luz velada...
Um terno de pele...
Uma almofada...
Uma cadeira de palha...
Uma estante, DVDs, vinil...
uma musica encantada...
E alguns livros...
Um quadro original...
Um espelho de cristal...
No espelho...
Um rosto com mágoa...
Ao meu lado...
Um relógio...
Um telefone...
Um copo de água...
Um pele vermelha tribal...
uma boneca...
Tudo isto está bem...
Tudo isto está mal...
Um aquecedor...
Uma mesa...
Um par de óculos...
Um televisor...
Sentimento a dois...
Uma tela...
Uma foto...
Recordações...
Meus livros, meu amor...
O rádio, a jarra...
E uma flor...
O meu quarto...
É o meu mundo...
Meus tesouros...
Meus amigos...
Aqui não há inimigos...
Todos nós somos mendigos...

Joaquim Rodrigues

Saudade




Lúcinha Santos





a saudade de ti é como tivesse
com meus olhos vendados
não enxergando a luz
como se com as mãos atadas
não conseguisse tocar em uma flor 
como a sensibilidade virasse pó
e as pedras surgissem em meu caminho
a saudade irma da tristeza
prima da solidão
ocupa em meu peito
aquele espaço quando não está comigo
A saudade faz refém os pensamentos
que teimam me procurar teu rosto
Que por falta de ti
inventa sonhos e me desfaz em prantos
É preciso que venhas para que eu possa
encher de versos e luz minha poesia
colorir meus dias
e tatuar em meu peito a felicidade
..............Lúcinha.

É Melhor Não




Angela Mendes




não abra as portas do seu coração assim
tão docemente
nem pra mim
é que ultimamente
tenho sofrido tanto, tanta dor
que um simples supor
novo sentimento me deixa assim
doente
e se entro e me encanto com o jardim
e se me vejo de frente
com o paraíso perfeito
não sei mais de que jeito
agir
posso, feliz, sorrir
mas e o medo
de sem querer
quebrar uma flor
espantar uma borboleta
apagar o arco-íris
eu me odiaria por toda vida
quem tem esse olhar/encanto
não merece derramar o pranto
por uma tristeza sofrida


não abra as portas do seu coração assim
faça isso por mim


Escrito por Cesar Veneziani

Desiderata




Márcia Regina Ferreira Toledo





Siga tranqüilamente entre a inquietude e a pressa, 
lembrando-se de que há sempre paz no silêncio. 
Tanto quanto possível sem humilhar-se, 
mantenha-se em harmonia com todos que o cercam. 
Fale a sua verdade, clara e mansamente. 
Escute a verdade dos outros, pois eles também têm a sua própria história. 
Evite as pessoas agitadas e agressivas: elas afligem o nosso espírito. 
Não se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou 
inferiores a você: 
isso o tornaria superficial e amargo. 
Viva intensamente os seus ideais e o que você já conseguiu realizar. 
Mantenha o interesse no seu trabalho, 
por mais humilde que seja, 
ele é um verdadeiro tesouro na continua mudança dos tempos. 
Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio de 
armadilhas. 
Mas não fique cego para o bem que sempre existe. 
Em toda parte, a vida está cheia de heroísmo. 
Seja você mesmo. 
Sobretudo, não simule afeição e não transforme o amor numa brincadeira, 
pois, no meio de tanta aridez, ele é perene como a relva. 
Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos 
e seja compreensivo com os impulsos inovadores da juventude. 
Cultive a força do espírito e você estará preparado 
para enfrentar as surpresas da sorte adversa. 
Não se desespere com perigos imaginários: 
muitos temores têm sua origem no cansaço e na solidão. 
Ao lado de uma sadia disciplina conserve, 
para consigo mesmo, uma imensa bondade. 
Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores, 
você merece estar aqui e, mesmo se você não pode perceber, 
a terra e o universo vão cumprindo o seu destino. 
Procure, pois, estar em paz com Deus, 
seja qual for o nome que você lhe der. 
No meio do seu trabalho e nas aspirações, na fatigante jornada pela vida, 
conserve, no mais profundo do seu ser, a harmonia e a paz. 
Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, 
o mundo ainda é bonito. 
Caminhe com cuidado, faça tudo para ser feliz 
e partilhe com os outros a sua felicidade". 

Max Ehrmann (1872-1945)

Folhetim




Claudio Caldas Faria




Se acaso me quiseres 
Sou dessas mulheres que só dizem sim
Por uma coisa à toa 
Uma noitada boa 
Um cinema, um botequim 
E se tiveres renda 
Aceito uma prenda 
Qualquer coisa assim 
Como uma pedra falsa 
Um sonho de valsa 
Ou um corte de cetim 
E eu te farei as vontades 
Direi meias verdades 
Sempre à meia luz 
E te farei, vaidoso, supor 
Que és o maior e que me possuis 
Mas na manhã seguinte 
Não conta até vinte, te afasta de mim 
Pois já não vales nada 
És página virada 
Descartada do meu folhetim

Chico Buarque

Amor é bicho






Fernando Martinho





Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã


Filhos




Lúcinha Santos





Filhos são plantinhas
que nascem dentro da gente
e por mais que saiam pra luz
deixam raízes profundas
fica um elo invisível
entre a alma e o coração
Um desejo imenso de proteger
de sentir suas dores
de não deixar que as lagrimas rolem
como se suportássemos toda a dor do mundo
por eles
Filhos são pedaços da gente que crescem
e vão pro mundo
mas se pudéssemos aninhariamos 
pra vida entre nossos braços
...................Lúcinha.

Papoulas





Lúcinha Santos





Com a tinta ainda fresca ...
Lindas papoulas
que a natureza assinou.
Colho neste tapete,
sonhos em versos.
Poema vermelho,
agora seco
pelo sopro do vento.

Bruno de Paula

A lagrima




Jose Carlos Ribeiro



Queria ser uma lágrima
Para nascer em seus olhos
E rolar em sua face
E morrer em seus lábios
Para oferecer-lhe um último beijo
Que ficará gravado para sempre.
Tambem estar em sua alma
Para curar todos seus dramas
Mas acima de tudo estar no seu coração
Para você nunca ter medo.

A Rosa




Jose Carlos Ribeiro



Desde a primeira vez que nos conhecemos
Uma rosa desabrochou
Mas quando você foi embora
Esta rosa fugiu
Cada pétala desta rosa tem uma importância para mim no meu coração:

A primeiro significa o seu riso
A segunda seu sorriso
A terceira nossos segredos
A quarta nossos momentos compartilhados
Mas cada pétala desta rosa que corresponde a todo o amor que nos uniu desde o primeiro dia
Não pode nunca mais murchar.

Despedida



Josemir Tadeu Souza



Indagaram-me sobre meus descaminhos,
preferi silenciar-me.
Indagaram-me sobre meus sofreres,
delicadamente preferi abster-me.
Indagaram-me sobre meus fracassos,
de forma discreta, procurei uma saída.
Indagaram-me sobre os meus desamores...
aí, infelizmente, 
decretaram a minha despedida...

Josemir (ao longo...)

O pássaro




Jose Carlos Ribeiro



Tenho duas coisas na vida,
Sua amizade para a eternidade
Mas o seu amor para sempre.
A pomba tem duas asas para voar
Mas eu só tenho um coração para amar.


Objetivamente Falando




Orlando Costa Filho



um único papel – este que
há pouco embrulhava a caixa de
cloridrato de bupropiona 150 mg.

lápis, um cotoco – borracha apontador não há
únicos recursos: objetividade, concisão.
portanto, preste atenção:
felicidade reside na simplicidade e
nem sempre é simples imprimi-la à vida.
ser feliz dá um puta trabalho e
não trabalhar é quase morrer.

meu lema é lume
em nossas mãos o leme.
lama, limo, passemos a lima...
entre um carro pipa furado
e uma pipa avoada
fiquemos com a sede de voar.

mulher sem sensibilidade
é fotografia sem imagem!
não é seu caso vez que
dos seus olhos escapam lágrimas de
raro amor. as tears go by fala das crianças que
existem no seu peito e uma a
uma migrarão pro seu ventre.

o menor caminho entre dois pontos não é uma
simples reta, mas uma iluminada rota!
a felicidade é uma égua alazã selada que
me sacode a crina chama conhece caminhos
trilhas e onde me levar. nosso beijo, honey, põe em
cheque as leis da física, eis que entre nossos lábios
quando se tocam cabem mais de mil alqueires de
carinho e afeto. finalizando, me

aprisione entre seus braços pernas
coração isso é o que quero e
não haverá liberdade maior,
sendo sincero...
levemos a vida mais a sério,
na flauta com doces
inéditas incomuns
melodias.

ocf

Existem duas dores de amor:




Sonia Isotton

Existem duas dores de amor:



A primeira é quando a relação termina e a gente,
seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos tão embrulhados na dor
que não conseguimos ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.
A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante para o ser amado.
Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também…
Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta, não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir,
lembrança de uma época bonita que foi vivida…
Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual
a gente se apega. Faz parte de nós.
Queremos, logicamente, voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente,
e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena, quase imperceptível.
Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’
propriamente dita. É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos
deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por
ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”.
Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente…
E só então a gente poderá amar, de novo.


Um ou Outro




Lenir Castro





e se não
fosse mágoa,
senão plano,
e se não
fosse ira
senão dano,
e se não 
fosse
perda,
senão
choro,
e se não
fosse
um vinho
cada vez
que sangra..
E se não fosse
um lenço
de enxugar
engano ...


Silêncio





Lucrecia Rocha



Não sei mais de ti! 
Não tenho alguém que fale de ti! 
Não sei onde andas, 
Com quem andas 
Nem o que fazes em tuas andanças! 
Saudade! Saudade! Saudade! 

Não sei mais de ti! 
Meu coração chora 
Por não saber mais de ti. 
Naquela linda manhã de maio 
Em areia movediça desapareceste. 
Infausto maio! 

Eu tudo queria! 
E não sabia... 
Que de ti nada teria! 
No vento perverso 
Perderam-se as palavras 
Que de ti um dia ouvi, 
Devorando os sonhos impiedosamente. 
Saudade! Saudade! Saudade! 

O Castelo de cinzas se foi! 
O vento gemeu raivosamente, 
As flores, de tristeza, murcharam 
O canto dos pássaros emudeceu 
o céu escureceu.... 
Saboreio a amarga descoberta, 
Engasgo calada em minha insipidez, 
Em minha mudez. 

Autora: Lucrecia Rocha pub. Coletanea Poética Focus;
 Jornal Direitos.Jornal Diario da Sul Bahia

Hoje levantei cedo



Fatima Pessoa



Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

Charles Chaplin

Você faz parte daqui