
Aníbal Bastos
Fernanda Maria,
Sol do meio-dia,
De luz e calor!
Rosto sorridente,
Olhar doce e quente,
Primavera em flor!
Tenho na lembrança,
De quando criança,
Buscando consolo!
Olhando para mim,
Dizendo assim:
- Pega-me ao colo!
Sua mãe morrera,
A vida lhe dera
Uma dura prova!
Cresceu, fez-se bela,
Mas só via nela,
Uma irmã mais nova!
Mas um certo dia,
A Fernanda Maria,
Sem nada o prever!
Num relampejo,
Dei-me um breve beijo
E fugiu a correr!
Regressou de seguida
E meio atrevida,
Disse-me corada:
-Eu já sou mulher!
E pretendo ser,
Tua namorada!
Eu nunca pensei,
Nem nunca sonhei,
Ouvir tal proposta!
Para a não magoar,
Disse: - Vou pensar
E dou-te a resposta!
Deixei de ir à taberna,
Dessa moça terna,
Que o pai era dono!
Para não lhe dizer,
Que outra mulher,
Me tirava o sono!
Dias depois,
Falando a dois,
Eu disse-lhe então:
- Já me decidi
Eu gosto de ti!
Mas como irmão!
Não compreendeu,
Nem me respondeu,
Somente chorou!
Pouco tempo passado,
Arranjou namorado,
E a seguir casou!
Saiu do lugar,
Para ir morar,
Noutra freguesia!
Por assim ser,
Eu deixei de ver,
A Fernanda Maria!
Após muitos anos,
Fora dos planos,
Vejo-a novamente!
Mulher mais madura,
A mesma doçura,
Rosto sorridente!
Sorrisos trocados,
Passos apressados,
Abraço imponente!
Dois beijos na face,
E a amizade renasce,
Como antigamente!
A. Bastos (Júnior)