
Joaquim Rodrigues
Eu temo muito o mar, o mar enorme...
Solene, enraivecido, turbulento...
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento...
O mar sublime, o mar que nunca dorme...
Eu temo o largo mar rebelde, informe...
De vítimas famélico, sedento...
E creio ouvir em cada seu lamento...
Os ruídos dum túmulo disforme...
Contudo, num barquinho transparente...
No ser dorso feroz vou blasonar...
Tufada a vela e n'água quase assente...
E ouvindo muito ao perto o seu bramar...
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente...
Escarro, com desdém, no grande mar!..
(De, Cesário Verde)
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