PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Serenata do Adolescente Que doentia claridade




Jose Carlos Ribeiro



a que me invade e me obsidia, 
durante a noite e à luz da tarde, 
à luz da tarde, à luz do dia! 
Que doentia aquela grade 
de insone e ténue claridade, 
sob a avançada gelosia! 

Passo na rua e nada vejo 
senão a luz, a luz e a grade. 
Ó lamparina do desejo, 
porque ardes tu, até tão tarde? 
E às vezes surge, entre a cortina, 
aquela sombra vespertina 
que me retém nesta ansiedade. 

Se tens trint'anos? ou cinquenta? 
Quis lá saber a tua idade! 
Sei que em meus olhos se impacienta 
fome da luz daquela grade! 
Sei que sou novo, e que me odeio 
porque me tarda — ante o teu seio — 
queimar tão pobre mocidade! 

David Mourão-Ferreira,

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui