PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Outra Vida




Aníbal Bastos




Numa triste madrugada,
Duma noite de inverno,
Uma alma condenada,
Num corpo reencarnada!
Deu entrada no inferno!

Esse ser tão pequenino,
Adivinhando ao nascer,
Qual seria o seu viver,
Traçado pelo destino;
Antes preferiu morrer!

Em farrapos embrulhado,
Levaram-no ao padre-cura,
Para levar a benzedura
E poder ser enterrado,
Com direito a sepultura!

Diz o padre com bondade,
Depois de o ter benzido:
- Está o dever cumprido!
Pode morrer á vontade
Que tem o céu garantido!

Entre a vida e a morte,
Por algum tempo ficou,
Mas depois arrebitou;
Perdendo do céu o norte,
Este inferno aceitou!

Bem contra a sua vontade,
Com a revolta no peito,
Por ver chamar de perfeito,
O que era falsidade!
E à verdade um defeito!

Não aceitando o sistema,
Desta vida tão fingida;
Da mentira consentida,
Usa a espada do poema,
Para lutar por outra vida!

A. Bastos (Júnior)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você faz parte daqui