Orlando Costa Filho
Quero ouvir som caribenho
Enquanto tenho as margens plácidas
Das musas cálidas e tantas
Fazendo a cama em meus poemas.
Viver apenas na fronteira
Entre a bobeira e o fascínio
De latrocínio às avessas
Dar piruetas nas Antilhas.
Eu amo as filhas do ula-ula
Mexe a caçula qual serpente
Me crava os dentes e me lambe
Um gozo grande até as Bahamas.
Eu quero o clã nas madrugadas
A desfrutar as luas cheias
Onde eu casei as minhas rimas
Com turmalinas e turquesas.
Das profundezas da miragem
Da reciclagem da existência
Da efervescência tropical
Vou prum luau em Martinica.
Cantar a vida em várias cores
Pintar as flores com poesia
Na melodia desenhadas
Que a observá-las conclui:
São colibris os meus delírios
Buscando os lírios do prazer
Nasci pra ser um caso a parte
Pois sei da arte renascer.
ocf
Rio – jan/1986
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