...é certo,
se isso lhe serve de consolação,
que se antes de cada ato nosso nos puséssemos a prever
todas as consequencias dele,
a pensar nelas a sério,
primeiro as imediatas,
depois as prováveis,
depois as possíveis,
depois as imagináveis,
não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento
nos tivesse feito parar.
Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo,
supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada,
por todos os dias do futuro,
incluindo aqueles,
infindáveis,
em que já cá não estaremos para poder comprová-los,
para congratular-nos, ou pedir perdão,
aliás,
há quem diga que isso é que é a imortalidade que tanto se fala...".
José Saramago
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