Aníbal Bastos
Numa noite em que o sono,
Me deixou ao abandono
E não pude adormecer!
Saí para a rua irritado
A andar de lado para lado
Esperando o amanhecer
Entrei numa viela escura,
Vi a taberna da amargura,
Junto a um beco sem saída!
Fiquei muito admirado,
Por ouvir na voz do fado,
O fado da minha vida!
E naquela madrugada,
Cantavam à desgarrada,
A saudade e a paixão!
A desventura assistia;
A desgraça aplaudia,
Chorava a desilusão!
E num canto mais além,
Encontrava-se também,
O destino disfarçado;
Parecia estar ausente,
Mostrando-se indiferente,
Aos descantes do meu fado!
Ao dar pela minha entrada,
Deram uma gargalhada,
Dizendo-me de seguida:
- É melhor tu ires embora,
Porque hoje, tal como outrora,
Nós somos a tua vida!
Senti um aperto no peito,
Dei um salto no meu leito
E quando me senti acordado,
Perguntei-me: - Será que sonhei?
Ou será que mesmo entrei,
Na taberna do meu fado?
A. Bastos (Júnior)
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