PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

TABERNA DO FADO





Aníbal Bastos





Numa noite em que o sono,
Me deixou ao abandono
E não pude adormecer!
Saí para a rua irritado
A andar de lado para lado
Esperando o amanhecer

Entrei numa viela escura,
Vi a taberna da amargura,
Junto a um beco sem saída!
Fiquei muito admirado,
Por ouvir na voz do fado,
O fado da minha vida!

E naquela madrugada,
Cantavam à desgarrada,
A saudade e a paixão!
A desventura assistia;
A desgraça aplaudia,
Chorava a desilusão!

E num canto mais além,
Encontrava-se também,
O destino disfarçado;
Parecia estar ausente,
Mostrando-se indiferente,
Aos descantes do meu fado!

Ao dar pela minha entrada,
Deram uma gargalhada,
Dizendo-me de seguida:
- É melhor tu ires embora,
Porque hoje, tal como outrora,
Nós somos a tua vida!

Senti um aperto no peito,
Dei um salto no meu leito
E quando me senti acordado,
Perguntei-me: - Será que sonhei?
Ou será que mesmo entrei,
Na taberna do meu fado?

A. Bastos (Júnior)


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