PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Procuro a ternura


Ereni Wink






Procuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./
Eugénio de AndradeProcuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./
Eugénio de AndradeProcuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./
Eugénio de AndradeProcuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./
Eugénio de AndradeProcuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./
Eugénio de AndradeProcuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./
Eugénio de AndradeProcuro a ternura súbita,/
os olhos ou o sol por nascer /
do tamanho do mundo, /
o sangue que nenhuma espada viu, /
o ar onde a respiração é doce, /
um pássaro no bosque /
com a forma de um grito de alegria. /

Oh, a carícia da terra, /
a juventude suspensa, /
a fugidia voz da água entre o azul /
do prado e de um corpo estendido. /

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música. /
Chamo por ti, e o teu nome ilumina /
as coisas mais simples: /
o pão e a água, /
a cama e a mesa, /
os pequenos e dóceis animais, /
onde também quero que chegue /
o meu canto e a manhã de maio. /

Um pássaro e um navio são a mesma coisa /
quando te procuro de rosto cravado na luz. /
Eu sei que há diferenças, /
mas não quando se ama, /
não quando apertamos contra o peito /
uma flor ávida de orvalho. /

Ter só dedos e dentes é muito triste: /
dedos para amortalhar crianças, /
dentes para roer a solidão, /
enquanto o verão pinta de azul o céu /
e o mar é devassado pelas estrelas./

Porém eu procuro-te. /
Antes que a morte se aproxime, procuro-te. /
Nas ruas, nos barcos, na cama, /
com amor, com ódio, ao sol, à chuva, /
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te./

Eugénio de Andrade

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