Orlando Costa Filho
O amor é um sonho alado: elegância e excelência de sons e imagens
Vês suas asas? Certamente que não! Mas vislumbras suas cores...
Amores que vêm, amores que vão, que trocam entre si tantos rubis
vermelhos de risos e dores, aromas e flores de um dia feliz.
O amor é a dor que só o doar-se a estanca e amansa,
do contrário chora, se esgarça e devora
perde as estribeiras, rompe as porteiras, não se sacia
até que se acalente porque desaguado num regaço de mar!
O amor é contente, mesmo se há distância...
Porque a distância é inexistente ante o amor que agiganta.
E o amor, envolvente que é, até a distância convence
da sua pequenez, da sua fragilidade e da sua insignificância!
O amor surpreende porque apreende o olhar mais desatento,
não correspondido sofre latente, e mesmo sofrendo, triunfa e vence!
Comove o Universo que em versos se move, socorre e conspira
no mínimo transforma as lágrimas de dor em raras safiras!
O amor é assim mesmo, música a esmo, sem eira nem beira
a procura do ser amado em todo lugar, que mesmo não estando, está!
É a porta mais aberta, escancarada, e na certa o louco liberta
Uma vez transpassada e em seguida fechada, não há volta e o peito se aperta.
É caminho sem volta, é a paisagem que o Ícaro vislumbra de cima
do pináculo do mundo, da torre divina – o horizonte perdido!
Cujas asas de cera junto ao sol derreteram forçando a descida
deliciosamente vertiginosa, viagem gozosa rumo ao fundo do mar...
Mas o que é o mar, senão o lugar cujo colo espera por um naco de luar?
O luar nada mais é que a gotícula do sêmen prateado de Deus,
que escorre lenta e docemente da vulva noturna e impregna o lençol
desse mar estendido pra nós qual cambraia de amor e adeus!
ocf
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