Fátima Custódio
Terra crua
A esta hora, quando todas as árvores dançam,
Esguios bailados, em movimentos de inverno,
Deixando cair todas as folhas que restam,
Atiram para longe as sementes com coragem;
A mão trémula do vento, faz desenhos sem pincel,
Só pode ser castigo aquilo que não sei ver...
Resmas de folhas soltas numeradas a rigor,
Entre a terra e o que sou, há uma estátua caída;
Este peso de papel, pesado nas minhas letras,
Têm a força da terra, eloquência de lágrima,
De cratera e de abismos, um coração em aterro,
Profundo e desabitado, a terra pertence ao ar...
Constroem-se os dias nas arestas esmagadas;
Roubaste-me um sonho, talvez eu não o mereça!
E as respostas aos caminhos que me mostras.
Quando piso as folhas secas espalhadas no vazio?
Na terra árdua de cobre, rolam as gotas caídas,
Estradas sinuosas, riachos de água salgada;
Terra dura, nua e crua, se não ouves o meu grito
Salpicarei por aí, a tinta vermelha das veias....
Fátima Custódio
Lindo...lindo....lindo!!!
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