André Alves
A palavra pai jamais foi dita com tanta frequência.
Ela vem pronta.
Sonoriza como um despertador descontrolado aqui dentro. Desvairadamente emenda-se,
soluça e chora as mesmas lembranças.
Tento segurá-la,
mas ela se solta com segurança
e irmana-se com a vida que lhe deu a voz,
o sentido;
estes que tentei imitar
e que a própria vida
os tira de mim
sem ao menos se dar
ao trabalho de me dizer palavra por palavra
o quanto dói uma perda.
Vai-se.
O calor do vento de verão me abraça,
refresca a saudade num abraço quente.
O tempo não me consola,
apenas acumula
algo que estando num recipiente
certo pode fermentar
e fermentar que nunca entornará.
É por este grande amor que ainda vivo.
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