Nesse teu rosto encardido
passaram metros de tempo.
Passaram metros de estrada
na aspereza dos teus pés.
Nas imagens dos teus sonhos
ficaram ranchos vazios:
nas rachaduras da pele
a rachadura dos rios.
Nos solavancos do carro
o gesto da noite insone.
No rosto dos companheiros
a certeza de ninguém.
Na terra sempre distante
a terra que tu não tens.
Quem dera que essa viagem
fosse te levando assim,
no desconforto do carro,
que é posse precária, enfim.
Quem dera que essa viagem
jamais te levasse ao fim.
Maria Helena Carneiro Catunda
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