PROSAS EM VERSOS

SER POETA, É SENTIR AFLORAR DA PELE SENSIBILIDADE, É OUVIR O GRITO DOS QUE NADA DISSERAM, É VER POR UMA GAMA DE CORES INVISÍVEIS À MACROSCÓPICA VISÃO DOS INSENSÍVEIS, É PENETRAR IMPIEDOSAMENTE À ALMA HUMANA.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dodecassílabos


Claudio Caldas Faria






Estala na mudez universal das coisas

estrídulo tropel de cascos sobre pedras

e naquela assonância ilhada no silêncio

o cataclismo irrompe arrebatadamente.

O doer infernal das folhas urticantes

corta a região maninha das caatingas

fazendo vacilar a marcha dos exércitos

sob uma irradiação de golpes e de tiros.

Por fim tudo se esgota e a situação não muda,

lembrando um bracejar imenso, de tortura,

em longo apelo triste, que parece um choro.

Num prodigalizar inútil de bravura

desaparecem sob as formações calcáreas

as linhas essenciais do crime e da loucura.



Augusto de Campos/Euclides da Cunha



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