Basilina Divina Pereira
MINHAS FACES
Minhas faces há tempos moram sozinhas,
despregaram-se da rede onde nasceram.
Quando as vejo nem parecem que são minhas:
outros ângulos, outros gestos conceberam.
Há momentos em que riem dos meus medos,
em outras horas compadecem da minha dor.
Só então percebo mímicas como enredo
pra fingir força, ousadia e destemor.
E minha feição segue pálida, sem reflexo:
um bloco baço que nem o espelho reconhece,
um grito ao léu à espera do seu eco.
Por tantas vezes eu busquei conformidade
com tudo aquilo que vi , ouvi e preguei,
mas só achei a inversa realidade.
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